Jovens fazem campanha política usando heróis de desenhos japoneses. Eles resgatam ou estragam as utopias infantis?
Por LUÍS ANTÔNIO GIRON
Aristóteles dizia em sua República: “O homem é um animal político”. Mas isso foi 24 séculos atrás. Hoje esse animal político se transformou em um ser fantástico: encarna o visual e adota as ideias de super-heróis, mascotes virtuais e personagens de desenhos animados, tanto dos animês japoneses como das histórias de Walt Disney. Sim, era inevitável: chegou a hora dos filhos do monstrinho Pikachu, seus amigos e concorrentes entrarem na política. A geração de candidatos de 18 a 25 anos dá início a suas campanhas em todos os cantos do Brasil. Muitos desses jovens nutridos na internet, no videogame e na cultura pop assumiram o ideário – se pode ser chamado assim - das histórias que amaram na infância e na adolescência. Eles pertencem a diferentes partidos e divulgam seus programas políticos em jingles que usam indevidamente material da cultura pop veiculados pela internet, e já começam a ficar famosos por seus autoproclamados superpoderes. Obviamente, o objetivo deles é arrebanhar o eleitor jovem. Um número enorme de internautas da mesma idade deles formou exércitos de seguidores. Outros, mais críticos, acham que esses aspirantes a políticos andam estragando os símbolos de suas infâncias. Quem votar verá no que essa geração vai dar.
Há dezenas de exemplos, mas vou me limitar a três candidatos à vereança em seus respectivos municípios, cada um com seu super-herói padroeiro.
Thalison Mendes, de 20 anos, joga-se pelo PSL (Partido Social Liberal) na campanha à câmara dos vereadores de Rio Claro, estado de São Paulo, com uma plataforma tão ousada como bizarra: ele se apresenta como o “candidato Pokémon”. No YouTube, o “santinho” de Thalison é animado pelo “Hino do Pokémon”, o prefixo musical do desenho animado japonês Pokémon, uma franquia da Nintendo, que ficou famoso a partir de 1996, só que com letra trocada. Diz a letra do jingle (acompanhe mentalmente com o “Hino de Pokémon”):
“Para fazer Rio Claro crescer
Já sei em quem vou votar
É juventude no poder
Juventude e experiência
É hora de repensar
Essa escolha a nós pertence
Para a história arrepiar
Thalison, temos que votar
Eu sei, é nele que eu votarei (...)”
Já sei em quem vou votar
É juventude no poder
Juventude e experiência
É hora de repensar
Essa escolha a nós pertence
Para a história arrepiar
Thalison, temos que votar
Eu sei, é nele que eu votarei (...)”
Via Época
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